Até algum tempo atrás, todos os vidros automotivos eram temperados. Ao contrário do que se pode pensar, um vidro temperado não contém sal, alho e cheiro verde na sua composição. A têmpera é um tratamento térmico que consiste basicamente em resfriar muito rapidamente o vidro a partir de sua temperatura de transição vítrea (temperatura em que o vidro começa a “amolecer”). Isso faz com que sejam mantidas tensões mecânicas no material (chamadas tensões residuais). Essas tensões aumentam a dureza superficial e a resistência mecânica do produto. Por apresentar tais tensões, o vidro temperado não trinca, ele literalmente explode, e para isso basta um pequeno arranhão em sua superfície, desde que ultrapasse a resistência do material.
De alguns anos para cá, por determinação da lei e por questão de segurança, todos os pára-brisas (vidros dianteiros) de automóveis produzidos no Brasil são feitos de vidro laminado. O vidro laminado consiste em um sanduíche de duas camadas de vidro prensando uma camada polimérica (plástico, mais precisamente o PVB – Poli-Vinil-Butiral), e não apresenta as tensões residuais do vidro temperado. Os outros vidros do carro (laterais e traseiro) ainda são temperados na maioria dos casos. Para a indústria automobilística, o vidro laminado apresenta duas principais vantagens em relação ao vidro temperado:
1) Quando o vidro temperado quebra mas não se “estilhaça”, os milhares de pequenos cacos que se formam juntos o tornam opaco, impedindo a visão do motorista, que era muitas vezes obrigado a acabar de quebrar o pára-brisa com o próprio punho para poder enxergar. No vidro laminado, são geradas trincas longas que não atrapalham a visão.
2) Quando o vidro temperado se estilhaça, formam-se milhares de cacos cortantes. No vidro laminado os cacos são mantidos unidos pela camada polimérica, não apresentando risco para os envolvidos no acidente.
Adaptado de: http://chapincar.com.br/